terça-feira, 16 de novembro de 2010

Treinamento Intenso em Adolescentes



A Faculdade de Medicina de Botucatu – UNESP realizou estudo referente às respostas agudas dos níveis de lactato sanguíneo e creatinofosfoquinase em atletas adolescentes submetidos a treinamentos físicos competitivos. O impacto da intensidade dos exercícios sobre a saúde de adolescentes é ainda pouco investigado, apesar da recomendação ser contrária a exercícios vigorosos antes da maturação biológica muitos jovens tem buscado especialização esportiva e escolinhas de treinamento intensivo cada vez mais cedo. O estudo expõe que os riscos de microtraumas e posterior interrupção dos treinamentos têm aumentado substancialmente em jovens atletas submetidos a altas cargas de treinamento concomitante às transformações biológicas, características desse período da vida. Um dos indicadores do exercício físico de intensidade, o ácido lático, intermediário do metabolismo dos carboidratos e principal metabólito do glicogênio em anaerobiose, tem sido analisado e principalmente durante os anos de crescimento físico e maturação biológica o aumento de sua presença no sangue após exercício submáximo e máximo tem sido menor em crianças e adolescentes, do que em adultos.
Foi destacado diferenças acentuadas nas concentrações de lactato quando efetuam-se comparações entre crianças e adolescentes, em profunda fase de crescimento e desenvolvimento, com dados advindos de adultos, já completamente amadurecidos. Embora, as investigações sobre o impacto da treinabilidade, que contemplam os anos da infância e adolescência sejam em pequeno número, sabe-se que em exercícios realizados em uma mesma intensidade, encontram-se concentrações menores de lactato sanguíneo em crianças, do que as obtidas em adultos. Os dados obtidos em tal estudo apontam as concentrações de lactato após-exercício dependentes da idade óssea, ou seja, maturação biológica-dependente, estudos demonstraram que, a idade exerce um forte impacto sobre a capacidade enzimática do músculo esquelético, particularmente durante o período de maturação biológica que envolve a transformação do corpo infantil em corpo adulto. Vários mecanismos fisiológicos têm sido postulados na perspectiva de explicar as diferenças entre crianças, adolescentes e adultos e, provavelmente, os fatores envolvidos atuam de forma associada. Destaca-se reduzida ação glicolítica expressa pela menor quantidade de fosfofrutoquinase e lactato desidrogenase como também pela elevada concentração de enzimas oxidativas, como a succinato desidrogenase, sugerindo que crianças e adolescentes são mais eficientes em obter energia através das vias oxidativas. Outro estudo suportou a hipótese de que crianças (9,8 ± 0,1 anos) utilizam proporcionalmente mais gordura do que carboidratos quando comparados com adultos (22,1 ± 0,5 anos) executando exercício prolongado, em mesma intensidade relativa. Associado a esses fatores, pesquisadores indicam que os mais elevados estoques de lipídeos em crianças e adolescentes podem contribuir para minimizar a utilização de glicogênio durante o exercício físico. Outros pesquisadores citam ainda as diferenças maturacionais na distribuição de fibras, com crianças apresentando maior composição de fibras tipo I. A associação dos fatores supracitados contribuem significativamente para explicar a considerável habilidade de crianças em resistir à fadiga, em protocolos intervalados de alta intensidade e curta duração, quando comparados com adultos.

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